sexta-feira, 20 de janeiro de 2012


  Um passo para fora e ela perde o equilíbrio. Não tinha medo, nem labirintismo. Apenas perdera em quem se apoiar. Se encontrava ocupada, tragando um cigarro enquanto em sua vida escola estavam a ensinar que segurança vem de dentro para fora.
  Não precisava ser completa, ela só havia de se afirmar em seus próprios pés quando pensasse em sair do conforto de seu quarto, que representava indescritível proteção. Sair do seu coração sabendo que não permaneceria lá, ninguém mais que pudesse cuidar dele em sua ausência. Era preciso paciência.
  E como aquele curto espaço de um passo sob seus pés não queria se aquietar, ela deixou-se puxar pela gravidade. Encontrando uma queda que além de sua felicidade, derrubara também seu coração. Aos cacos no chão, quando foi possível perceber que as coisas não estavam mais sob seu controle. Não reconhecia-se o significado da palavra poder. Como ela fazia com aqueles cigarros, travados em seus dedos, tragados com seus lábios calmos e confiantes, tendo seu conteúdo puxado para o interior de sua pessoa, e despejado em um sopro espalhado, que jogava na cara dos outros que passavam ao lado, o quanto ela retia muito bem, o cansaço exaustivo do esforço em seu coração.
  Assim que inutilizável, era jogado na primeira lixeira disponível na rua. Verdade nua e crua. Ela apenas parecia não se importar. Mas só em usar suas palavras para tal desprezo dizer, já demonstrava o quanto se fazia importante pra ela.
  Era intolerante, e não sabia se calar. Escutaria o que tinhas ela à dizer. Ou então não dirigirias tu a palavra, da qual pudesse magoá-la a ponto de não se conter. Não em lágrimas... Mas em um copo d'água que dentro de seu peito já estava enchendo, até tão cedo transbordar, e transcender que aquele ser não soubera mais à quais meios se filiar, para se confortar.
  Estava ela confrontada, e cansada de mostrar forças onde havia fraqueza. Beleza, onde fincavam-se estacas de tristeza. Amor, onde necessitava-se desesperadamente por solidão.
  Não! Ela estava errando em deixar as coisas fluírem ao contrário. Suas roupas velhas guardadas como novas no armário, precisavam de um corpo para exposição, e seria ela a mostrar que sentimentos entulhados ainda são remédios muito bem receitados, para salvar a vida de alguém.

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