sexta-feira, 20 de janeiro de 2012


  Gladys tinha conflito para dissertar, caminhos para seguir. Desde nova entendia as consequências de errar, mas se acertasse não sabia o que poderia vir… Teoria e prática estavam distintas. Ou imparciais deste modo. A tristeza transbordava do café da manhã até a janta, todo o copo. E a tão sonhada felicidade de sua mãe para ela desejada, via-se póstuma num álbum de fotos. Que o presente fazia questão de provar que não era algo eterno. Era terno, pleno em completo desalento. Ao mesmo tempo que ia para a concretização, deixava de ser por conta do tempo. Um casamento por palavras, e mútuas assinaturas em um caderno prometido ao reconhecimento, de algo maior que se desfez dentro de alguns anos…

  “É só vontade de perder um pouco do meu tempo. Deixando meu perfume ser levado pelo vento, enquanto me inundo, do vazio e do vislumbre de transeuntes sem coração. Afinal, nunca tive um também. E a gente sempre desdenha do que no fundo quer, mas não tem…” Gladys se justificava. Com palavras que à todo custo não convenciam nem à ela mesma.
  Tinha aparente vontade de acreditar no amor esperançoso de sua mãe. Porém a racionalidade precisa e sana de seu pai, era fatídica. Não deixava grandes brechas para dúvidas, e Gladys por muitas vezes se cansara de indecisões…

  - Mãe, diz pra mim que o amor não vai me enganar como fez com a senhora, diz!

  - Ame minha filha! Apenas você poderá entender-se com seu amor. Você e o seu dom de amar.

  - Mas como amar mãe, se não há concretas provas da existência do amor?

  - Vai saber a hora certa, quando ele pedir passagem pra você.

  - E devo deixá-lo passar mamãe? Mesmo que ele abandone crateras de  solidão pelo meu coração, como vejo na senhora?

  - Ame minha filha! Ame… - ela passava a mão nos cabelos de Gladys, como quem já a abençoava por um mau futuro.

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